Assim como as cinco ordens nobres da arquitetura, as sete artes e ciências liberais são indicadas apenas pelo número de etapas, neste caso sete ou mais.
Sete ou mais formam uma Loja perfeita porque o Rei Salomão levou sete anos ou mais para construir, completar e dedicar o templo em Jerusalém ao serviço de Deus.
Eles têm, da mesma forma, uma alusão adicional às sete artes e ciências liberais, a saber, gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, música e astronomia.
Se nossos antepassados do Iluminismo eram entusiasmados com a arte e arquitetura clássicas, e toda a gama de realizações culturais que as acompanhavam, eles não estavam menos engajados em outras atividades cerebrais.
Em 1579, mesmo antes do período que consideramos o Iluminismo, o Gresham College foi fundado em Londres para o ensino de divindade, direito, astronomia, música, geometria, retórica e física, uma lista com a qual as artes e ciências liberais acima têm uma certa ressonância. O Gresham College foi o precursor da Royal Society, da qual Christopher Wren era membro, assim como Isaac Newton e Jean Théophile Desaguliers, o terceiro Grão-Mestre da Primeira Grande Loja da Inglaterra, ocupando esse cargo em 1719 e 1720.
Na verdade, as sete artes e ciências liberais foram codificadas muitos séculos antes. No ano 819 d.C., o arcebispo Rabanus Maurus de Mainz as definiu da seguinte maneira:
A gramática é a ciência que nos ensina a explicar os poetas e historiadores; é a arte que nos qualifica para escrever e falar corretamente.
A retórica é a arte de usar o discurso secular efetivamente nas circunstâncias da vida diária.
A dialética [lógica] é a ciência do entendimento, que nos capacita para investigações e definições, para explicações e para distinguir o verdadeiro do falso.
A aritmética é a ciência da extensão pura determinável por números. A ignorância dos números deixa muitas coisas ininteligíveis.
A geometria é uma exposição da forma procedente da observação. Pois todo arranjo excelente e bem ordenado pode ser reduzido aos requisitos especiais desta ciência.
A música é a ciência dos intervalos de tempo conforme são percebidos pelos tons. Pitágoras testemunha que este mundo foi criado pela música e pode ser governado por ela; assim, é possível que para ele, que não conhece nem um pouco de música, muitas coisas permaneçam fechadas e ocultas.
A astronomia, da qual falamos agora, ensina as leis do mundo estelar... que é construído sobre a investigação de fenômenos naturais para determinar o curso do sol, da lua e das estrelas, e efetuar um cálculo adequado do tempo.
Compare isso com as definições estabelecidas na quarta seção da segunda palestra de Emulação:
A gramática ensina o arranjo adequado das palavras... e aquela excelência de pronúncia que nos permite falar e escrever uma língua com exatidão e precisão, de acordo com a razão, a autoridade e as regras estritas da literatura.
A retórica nos ensina a falar copiosamente e fluentemente sobre qualquer assunto... com todas as vantagens da força e elegância...
A lógica nos ensina a guiar nossa razão... e a direcionar nossas investigações em busca da verdade... consiste em sequências regulares de argumentos de onde inferimos, deduzimos e concluímos... nela são empregadas as faculdades de conceber, raciocinar, julgar e dispor...
A aritmética ensina os poderes e propriedades dos números... por esta arte, razões e demonstrações são dadas para encontrar qualquer número certo cuja relação... com outro número já foi descoberta.
A geometria trata dos poderes e propriedades da magnitude em geral, onde comprimento, comprimento e largura, ou comprimento, largura e espessura são considerados...
A música nos ensina a arte de formar concordâncias, de modo a produzir uma harmonia deliciosa... ela investiga a natureza das concordâncias e discordâncias e nos permite descobrir uma proporção devida entre elas...
A astronomia é a arte divina pela qual somos ensinados a ler a sabedoria, a força e a beleza do Criador Todo-Poderoso nas páginas sagradas do hemisfério celestial... por ela também aprendemos as... leis primárias da natureza; e enquanto estamos empregados no estudo desta ciência, podemos perceber instâncias inigualáveis de sabedoria e bondade...
No século XXI, é interessante notar como um autor proeminente, Michel Baigent, vê as artes e ciências liberais de um ponto de vista maçônico:
A gramática nos ensina a entender os escritos dos outros para que possamos aprender.
A retórica diz respeito à habilidade de expressão eficaz para que possamos persuadir e ensinar.
A lógica nos dá a capacidade de investigar e entender o que vivenciamos.
A aritmética é a ciência dos números,
A geometria é a ciência da medida e forma.
A música ensina sobre tempo, tons e ritmo - todos esses três dizem respeito à harmonia e proporção do mundo criado; eles dizem respeito à multidão de formas que emanam da fonte divina Única - que chamamos de Grande Arquiteto do Universo.
E a astronomia nos leva à contemplação dos céus para que possamos considerar as infinitas obras do Grande Arquiteto.
O notável é que, embora essas definições, separadas por mais de mil e cem anos, tenham abordagens diferentes para o assunto, suas ideias centrais são as mesmas.
Se as resumirmos, podemos ver agora como os homens, particularmente os maçons, na Era do Iluminismo, estavam ansiosos para empregar todos os seus poderes intelectuais, não apenas na solução de problemas materiais, mas também na busca das buscas intelectuais e espirituais de sua época.
A verdadeira busca pela verdade e a luta pelo progresso começaram, então, a ser levadas a sério.
Trecho do livro “Tracing Boards of the Three Degrees in Craft Masonry Explained”, de Julian Rees
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